A Sabesp subiu 75% pós-privatização. Para o UBS BB, muito já está no preço
Um dos primeiros a apostar nas ações da companhia antes da privatização, banco reduziu sua recomendação para os papéis de compra para neutro


Natalia Viri
Editora do EXAME IN
Publicado em 23 de maio de 2025 às 11:22.
O UBS BB foi um dos primeiros a apostar na valorização da Sabesp (SBSP3), ainda no começo do ano ado, na expectativa de aprovação do processo de privatização. Agora, o analista Giuliano Ajeje também está sendo pioneiro no downgrade.
Após uma valorização expressiva das ações desde a sua privatização em julho de 2024, o banco decidiu rebaixar a recomendação da companhia de compra para neutra.
Segundo a equipe liderada por Ajeje, o desempenho recente da ação — que subiu mais de 75% desde o preço da oferta (R$ 67) — reduz o espaço para valorização adicional relevante, mesmo diante dos avanços operacionais e de governança após a privatização.
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"O novo marco regulatório foi definido, os custos vêm surpreendendo positivamente e o modelo de remuneração de investimentos melhorou. Ainda assim, apesar dos sinais positivos, já vemos a maior parte do re-rating precificada", escreveram em relatório.
Ajeje aumentou seu preço-alvo para os próximos 12 meses, de R$ 118 para R$ 136 por ação, um potencial de alta de 15% em relação ao patamar atual, mas não o suficiente para ser um ponto de entrada.
O banco estima um retorno real alavancado (IRR) de 11,2% com base nas projeções atuais, abaixo do patamar que justificaria um buy, pondera o banco.
Entre os fatores positivos incorporados ao novo valuation estão redução de custos, especialmente com pessoal e materiais, após programas de demissão voluntária e a perspectiva de novos investimentos via o programa UniversalizaSP, que pode gerar crescimento orgânico adicional.
No entanto, o UBS alerta que o desafio da universalização dos serviços até 2029, que exigirá cerca de R$ 70 bilhões em investimentos, ainda representa um risco relevante — especialmente por conta do chamado Fator U, que pode afetar receitas e dividendos caso metas não sejam cumpridas.
O mecanismo contratual previsto no novo modelo regulatório que penaliza a empresa caso ela não atinja os objetivos estabelecidos de cobertura e tratamento de água e esgoto. As metas são progressivas e mais exigentes ano a ano, e o Fator U pode resultar em corte de receitas de até 10% anuais, além de limitar o pagamento de dividendos ao mínimo legal (25% do lucro). Em casos extremos, o contrato pode até ser revogado.
“Embora esperemos que a companhia entregue as métricas de universalização, acreditamos que os investidores de uma maneira geral podem estar subestimando o potencial risco do Fator U”, escreve Ajeje, justificando a avaliação mais cautelosa.
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Natalia Viri
Editora do EXAME INJornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. ou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.