Estudo da Nasa mostra que tempestades solares podem reduzir em até 10 dias a vida útil de satélites da SpaceX
Redator Publicado em 30 de maio de 2025 às 11h29.
As erupções solares, fenômeno natural relacionado ao ciclo de atividade do Sol, têm afetado significativamente a vida útil dos satélites em órbita terrestre, especialmente em grandes constelações como a Starlink, da SpaceX, líder do mercado global de internet via satélite.
Pesquisadores da agência espacial norte-americana, a Nasa, liderados por Denny Oliveira, do Goddard Space Flight Center, concluíram que a vida útil dos satélites da empresa de Elon Musk pode ser reduzida em até 10 dias durante o máximo solar.
Esse período marca o pico da atividade do Sol a cada ciclo de 11 anos, gerando aumento das erupções e, em consequência, das tempestades magnéticas. Essas tempestades aquecem a atmosfera da Terra, que se expande e aumenta o arrasto sobre os satélites, acelerando sua reentrada. O mais recente máximo solar aconteceu no final de 2024.
O boom de lançamento de satélites nos últimos anos, especialmente da Starlink, com mais de 7 mil unidades no espaço e planos para ultraar os 30 mil no futuro, possibilitou a observação dos efeitos desse processo natural.
Satélites são lançados quase semanalmente para ampliar a constelação da empresa, que também monitora dezenas de reentradas atmosféricas por semana. Entre 2020 e 2024, foram registradas 523 reentradas de unidades Starlink. Durante eventos geomagnéticos intensos, os que orbitam abaixo de 300 km podem reentrar em cerca de cinco dias – contra mais de 15 dias, no caso do processo em condições normais.
Especialistas apontam que esses efeitos podem ser benéficos ou representar preocupações para a indústria espacial. Por um lado, a aceleração na reentrada pode facilitar a remoção rápida de satélites inativos, minimizando riscos de colisões e geração de detritos espaciais. No entanto, essa mesma dinâmica impõe desafios para a operação em órbitas muito baixas (VLEO), onde a atmosfera mais densa aumenta o arrasto.Há também um risco maior de fragmentos sobreviverem à reentrada e atingirem o solo. Em agosto de 2024, por exemplo, um pedaço de um satélite Starlink foi encontrado em uma fazenda na província canadense de Saskatchewan, a primeira evidência confirmada de um fragmento sobrevivente da constelação. Pesquisadores, entretanto, alertam que podem existir outros não detectados.
A SpaceX não comentou publicamente o incidente, mas o caso reforça a necessidade de monitoramento rigoroso e aprimoramento das tecnologias de desorbitagem para garantir a segurança no espaço no solo.