Publicado em 03/06/2025, às 17:40.
Última atualização em 06/06/2025, às 17:09.
Apresentado por CONFEA
As novas caras da engenharia brasileira são cada vez mais jovens, diversas e espalhadas pelo país. Um levantamento do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), feito com 48 mil profissionais entre setembro de 2024 e fevereiro de 2025, mostra que o setor vive uma mudança silenciosa — e significativa.
“De um lado, a baixa procura por cursos nestes segmentos. Do outro, profissionais indispensáveis para gerar infraestrutura, inovação, sustentabilidade, mobilidade e outras temáticas que transformam a vida das pessoas. Qual caminho devemos seguir como conselho profissional e como podemos contribuir com a gestão pública? Esse foi o nosso objetivo com a pesquisa”, afirma o engenheiro Vinicius Marchese, presidente do Confea.
A presença feminina, por exemplo, está se renovando com força: entre os profissionais com menos de 30 anos, uma em cada três é mulher. Já entre os mais velhos, acima de 60 anos, elas somam só 12%. A média de idade das mulheres na profissão é 38 anos — ante 43 dos homens. Ou seja, a transformação está vindo de baixo para cima.
O mapa da engenharia também está mudando
Enquanto os profissionais mais antigos ainda se concentram no Sudeste, os novos registros crescem no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Há menos jovens entrando no mercado sulista e sudestino — e mais em polos agroindustriais, centros universitários e capitais em ascensão dessas regiões.
A renda acompanha essa valorização. Os profissionais registrados no Confea vivem em um patamar bem acima da média nacional: 68% deles pertencem a famílias com rendimento superior a cinco salários mínimos — quase o triplo da média brasileira, segundo o IBGE. E 20 pontos acima dos advogados registrados na OAB.
Quanto mais tempo, maior o ganho — e maior o vínculo
A relação entre tempo de estrada e renda é clara: quem está há mais de dez anos no sistema tem 66% mais chance de estar no topo salarial. Já entre os profissionais com cinco a dez anos de registro, o salto é de 31%. O ponto de virada? Entre os 30 e 34 anos, faixa em que a maioria já ultraa a barreira dos cinco salários mínimos.
Mesmo entre os jovens, os salários tendem a ser mais altos: são minoria os que ganham menos de dois salários mínimos.
“Além de satisfeitos, os engenheiros têm renda muito acima da média nacional, e se sentem vocacionados a contribuir para a construção de projetos de impacto para o país”, destaca Felipe Nunes, CEO da Quaest.
Além de bem pagos, os engenheiros estão empregados — e na área certa. O índice de ocupação é de 92%, ante 59% da média nacional. Mais: 78% atuam exatamente na área da formação. Em geologia, segurança do trabalho e engenharia civil, esse índice supera os 80%.
A construção civil se mantém como a grande absorvedora da juventude técnica, principalmente para quem tem menos de 35 anos. Por outro lado, setores como energia, mineração e meio ambiente vêm perdendo apelo entre os mais novos.
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De CLT a empreendedor: a evolução do engenheiro
No começo da carreira, a maioria entra no mercado via CLT — são 40% dos registrados. Mas o vínculo vai mudando com o tempo: entre os mais experientes, cresce o número de empresários, que já somam 20% do total. A virada acontece entre os 56 e 62 anos, justamente a faixa média de aposentadoria no Brasil.
O setor público abriga 11%, enquanto outros profissionais migram para atividades correlatas, como ensino, vendas técnicas, consultoria e, com destaque, o agro. Mesmo fora da área de registro, o DNA técnico continua presente.
Trabalho que vale a pena: propósito e confiança no futuro
Não é só uma questão de salário: o senso de realização também está em alta. Dois a cada três engenheiros dizem estar satisfeitos com o mercado de trabalho — e 80% estão contentes com a própria qualidade de vida. A nota média de satisfação é 8, acima da registrada em outras categorias profissionais.
As razões para tanto otimismo são variadas: 59% apontam o aquecimento do mercado, 55% dizem que sempre quiseram trabalhar na área e 50% se sentem reconhecidos. Do outro lado, apenas 28% se dizem insatisfeitos — em geral, pelos baixos salários no início da carreira ou pela falta de valorização.
E o futuro parece promissor: 95% acreditam que sua profissão contribui para uma sociedade melhor e 79% recomendariam a carreira para as próximas gerações.
A tecnologia, em vez de gerar medo, inspira confiança. Três em cada quatro entrevistados veem as inovações como aliadas — percepção ainda mais forte entre as mulheres.
Apesar da crescente valorização dos profissionais internacionalizados, apenas 14% já atuaram fora do país, com destinos mais frequentes nos Estados Unidos, Alemanha, Argentina e França.
Em um cenário de transformação, os dados do Confea mostram que a engenharia brasileira está se tornando mais jovem, mais diversa e mais conectada com as necessidades do país. O que antes era uma carreira concentrada e previsível, hoje se revela em múltiplas trajetórias, regiões e propósitos. Para os profissionais do setor, o futuro vem sendo construído com método, vocação e confiança.
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