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Universidade da China oferece vagas para alunos de Harvard afetados por medidas de Trump

HKUST, de Hong Kong, promete apoio para a transição, incluindo moradia, vistos e issão facilitada

Sede da universidade HKUST, em Hong Kong (Divulgação)

Sede da universidade HKUST, em Hong Kong (Divulgação)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 23 de maio de 2025 às 11h53.

A Hong Kong University of Science and Technology (HKUST), na China, fez um convite público nesta sexta-feira, 23, para que alunos de graduação e pós-graduação de Harvard se transfiram para lá.

Nesta semana, o governo de Donald Trump retirou a autorização de Harvard para receber alunos estrangeiros. Com isso, novos estudantes de fora não conseguirão obter vistos, e atuais alunos e pesquisadores ficarão sob risco de expulsão do país. A universidade recorreu da proibição na Justiça, com o argumento de que a medida vai contra a Constituição americana.

A HKUST promete issão facilitada, transferência de créditos e apoio acadêmico para os alunos interessados, em áreas como moradia e obtenção de vistos.

“A diversidade alimenta a criatividade e o progresso”, disse Gou Yike, reitor da HKUST, em nota. “Estamos preparados para receber os estudantes de Harvard em nossa comunidade, oferecendo-lhes os recursos e o ambiente vibrante necessários para prosperar em suas áreas.”

A HKUST fica em Hong Kong, território que pertence à China, mas possui sistema político e financeiro diferenciado. A península é uma dos principais centros financeiros da Ásia.

Crise entre Harvard e Trump

Nesta semana, o governo Trump impediu Harvard de receber alunos estrangeiros. A universidade anunciou que entrará na Justiça contra a medida. No processo, a entidade diz que a medida ameaça cerca de 7.000 estudantes e pesquisadores e que a ação da Casa Branca vai contra a Constituição do país.

"Com uma canetada, o governo busca apagar um quarto do corpo de estudantes de Harvard. São estudantes internacionais que contribuem significativamente para a universidade e sua missão", disse a entidade, no processo contra o governo, obtido pela EXAME. "Sem os estudantes internacionais, Harvard não é Harvard."

Estudantes e pesquisadores estrangeiros que atualmente estão na universidade poderão ser expulsos do país, pois a validade de seus vistos será suspensa. A situação ocorre às vésperas do período de formatura, que ocorre em junho nos EUA.

Com a medida, projetos de pesquisa em áreas como saúde, IA e energia serão paralisados. Novos estudantes para os cursos que começam este ano não conseguirão obter vistos.

No processo, Harvard diz que foi pressionada pelo governo Trump a adotar medidas como fazer uma auditoria de “diversidade ideológica” em todos os departamentos; reformular issões e contratações com base em alinhamento político; expulsar estudantes ligados a grupos pró-palestinos e submeter relatórios trimestrais ao governo federal até 2028, entre outras.

A universidade se recusou a adotar as medidas. Por conta disso, o governo Trump retirou a autorização da universidade para receber estudantes estrangeiros, o que, na prática, faz com que os vistos emitidos para esses alunos perca a validade. A universidade recebe alunos de fora há mais de 70 anos.

Além disso, foram congelados US$ 2,2 bilhões em verbas federais, além de ameaças públicas de perda de isenção fiscal.

Como Harvard irá se defender

No processo, Harvard diz que as medidas de Trump violam a Primeira Emenda da Constituição, que garante a liberdade de expressão, e o devido processo legal, pois a revogação da licença para receber estrangeiros foi feita sem aviso prévio e chance de defesa.

A universidade diz que cumpriu integralmente as solicitações legais de informações. O governo, porém, teria ignorado esses dados e exigido documentos “sem respaldo regulatório”, como vídeos de protestos e registros informais de supostos comportamentos “antiamericanos”.

A entidade solicitou uma ordem de restrição temporária para suspender a revogação até julgamento final. A decisão pode sair nos próximos dias. Enquanto isso, milhares de estudantes estrangeiros viverão um cenário de incerteza sobre seu futuro no país.

Em uma carta interna aos alunos, o reitor Alan Garber prometeu seguir defendendo os alunos estrangeiros. "Aos estudantes e acadêmicos internacionais afetados pela ação de ontem, saibam que vocês são membros essenciais da nossa comunidade. Graças a vocês, sabemos mais e compreendemos mais, e nosso país e nosso mundo se tornam mais iluminados e mais resilientes. Vamos apoiá-los enquanto fazemos todo o possível para garantir que Harvard continue aberta ao mundo", disse.

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