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Por que o barco de Greta Thunberg foi interceptado em Gaza? Brasileiro também estava na embarcação

Barco 'Madleen', que transportava ativistas humanitários, foi interceptado por Israel quando se aproximava da Faixa de Gaza; governo israelense afirmou que os tripulantes retornarão aos seus países em breve

Greta Thunberg em Gaza: ativista sueca é interceptada por Israel enquanto tenta entregar ajuda humanitária (AFP PHOTO / FREEDOM FLOTILLA COALITION)

Greta Thunberg em Gaza: ativista sueca é interceptada por Israel enquanto tenta entregar ajuda humanitária (AFP PHOTO / FREEDOM FLOTILLA COALITION)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 9 de junho de 2025 às 12h23.

Na madrugada desta segunda-feira, 9, o barco humanitário Madleen, que transportava ajuda para Gaza, foi desviado pelas autoridades israelenses. A embarcação estava com 12 ativistas de diferentes países, incluindo a sueca Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila, foi abordada por navios israelenses a aproximadamente 100 km ao norte do Porto Said, no Egito.

A missão tinha como objetivo romper o bloqueio israelense e fornecer ajuda humanitária a Gaza, uma região severamente afetada pela guerra e por restrições que já duram mais de um ano e meio.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores de Israel, o barco foi interceptado em águas internacionais, e os ageiros seriam levados para o porto de Ashdod, no sul de Israel.

A autoridade de imigração israelense anunciou que os tripulantes devem retornar aos seus países de origem em breve, com chegada prevista ao Aeroporto Ben-Gurion por volta das 18h, horário local.

Israel se posiciona

O governo israelense, por meio do ministro da Defesa, Israel Katz, acusou os ativistas de tentarem fazer uma "provocação midiática" e afirmou que o bloqueio em Gaza visa impedir a transferência de armas para o Hamas, uma organização considerada terrorista por Israel.

Katz também anunciou que os ativistas seriam apresentados a imagens documentando os horrores cometidos pelo Hamas em ataques a Israel, como o ocorrido em 7 de outubro de 2023, quando mais de 1.200 pessoas foram mortas.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou que a carga do Madleen, que incluía alimentos e suprimentos médicos, seria redirecionada para Gaza por meio de canais humanitários.

A mesma nota do ministério classificou as tentativas de romper o bloqueio como "perigosas, ilegais e prejudiciais aos esforços humanitários em andamento". Em um vídeo divulgado, um militar israelense foi visto entregando comida para Greta Thunberg, que, segundo Israel, estava "segura e de bom humor".

Reações internacionais

A interceptação gerou reações tanto de governos quanto de organizações internacionais. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil pediu a libertação imediata dos tripulantes e afirmou que a interceptação violava o direito de liberdade de navegação em águas internacionais. A França também se manifestou, confirmando que havia cidadãos ses a bordo e exigindo o retorno seguro dos ativistas.

O Hamas, por sua vez, condenou a ação israelense, classificando-a como uma violação do direito internacional. Enquanto isso, ativistas realizaram protestos em Ashdod contra a apreensão do Madleen, carregando cartazes em apoio à libertação dos ativistas.

Contexto de Gaza

A interceptação do Madleen ocorre em um momento crítico para Gaza, que enfrenta uma grave crise humanitária. Desde março de 2025, Israel impôs um bloqueio total à entrada de ajuda, e organizações humanitárias alertam para a crescente fome e escassez de suprimentos essenciais. A ONU já havia divulgado relatórios alertando para o colapso do sistema de saúde na região, onde a maioria dos hospitais do norte de Gaza deixou de funcionar devido aos danos causados pela guerra.

Histórico da Freedom Flotilla Coalition

O Madleen faz parte da Freedom Flotilla Coalition (FFC), uma organização que se opõe ao bloqueio israelense em Gaza. A flotilha anterior, em 2010, também tentou romper o cerco, mas resultou em uma operação militar israelense que terminou com a morte de 10 ativistas.

A FFC já havia alertado sobre o risco de nova violência devido à abordagem das forças israelenses.

Quem é Greta Thunberg?

Greta Thunberg é uma ativista climática sueca que ganhou notoriedade internacional por sua luta contra as mudanças climáticas. Nascida em 3 de janeiro de 2003, em Estocolmo, ela começou sua jornada de ativismo em 2018, quando, aos 15 anos, iniciou uma greve escolar para chamar a atenção dos líderes mundiais para a crise climática.

A ação teve grande repercussão, e logo Thunberg se tornou uma figura central em protestos globais pela preservação do meio ambiente, como o movimento Fridays for Future, que mobilizou milhões de jovens em todo o mundo.

Sua postura direta e suas críticas contundentes aos governantes e à inação diante das mudanças climáticas lhe renderam apoio de muitas organizações e jovens ativistas, mas também reações de detratores.

Greta continuou sua trajetória de ativismo participando de conferências internacionais, como a Assembleia Geral da ONU, onde proferiu discursos emocionantes sobre a urgência das ações contra o aquecimento global.

Além de seu ativismo pelo clima, Thunberg tem se posicionado em diversas outras questões humanitárias, incluindo o apoio à população de Gaza e à luta por ajuda humanitária em áreas de conflito.

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