Agência Internacional de Energia Atômica disse que instalações nucleares 'jamais devem ser atacadas', chamando o incidente de 'profundamente preocupante'
Israel atacou, pelo menos, uma dezena de bases militares, depósitos de mísseis e centrais nucleares e de mísseis em várias cidades do Irã (SAEID ARABZADEH / Colaborador/Getty Images)

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Agência o Globo
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Publicado em 13 de junho de 2025 às 19h14.

Irã informou à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que as instalações nucleares de Fordow e Isfahan, no centro do país, foram atingidas por ataques israelenses nesta sexta-feira, segundo o diretor-geral da AIEA, o argentino Rafael Grossi. De acordo com o porta-voz da Organização Iraniana de Energia Atômica, "os danos não foram grandes".

As autoridades iranianas nos informaram sobre os ataques a duas outras instalações, a usina de enriquecimento de combustível de Fordow e em Isfahan, onde há uma usina de conversão de urânio — disse Grossi, durante um discurso em vídeo para o Conselho de Segurança da ONU, que se reuniu em caráter de urgência nesta sexta, após os ataques israelenses ao Irã.

Ainda de acordo com Grossi, a fábrica onde o Irã produzia urânio enriquecido a 60%, em Natanz, foi destruída. No entanto, não há informações de que a área subterrânea onde estão localizadas as salas de enriquecimento tenha sido atacada.

O porta-voz da Organização Iraniana de Energia Atômica, Behruz Kamalvandi, confirmou que as instalações foram atingidas, mas assegurou que não houve "grandes danos".

— Os danos não são grandes. Eles foram limitados a áreas que não causaram nenhum dano urbano, no caso de Fordow. Em Isfahan, também houve ataques em vários pontos, relacionados a armazéns que pegaram fogo — disse Kamalvandi à agência de notícias IRNA, acrescentando que “os danos não foram extensos e não há motivo para preocupação em termos de contaminação nuclear”.

Em nota, a AIEA afirmou que instalações nucleares "jamais devem ser atacadas", chamando o incidente de "profundamente preocupante". A agência também confirmou que a instalação de Natanz foi atingida pelos ataques israelenses, embora tenha declarado não ter observado um aumento nos níveis de radiação na área.

Fordow e Natanz

O outro grande local de enriquecimento do Irã, chamado Fordow, também foi atingido. Trata-se de um alvo muito difícil, enterrado profundamente sob uma montanha, projetado deliberadamente para estar fora do alcance de Israel. Ele fica em uma base do Corpo de Guardas da Revolução Islâmica, a quase meio quilômetro sob a superfície, de acordo com Grossi.

Já a instalação de Natanz é onde o Irã produziu a grande maioria de seu combustível nuclear — e, nos últimos três anos, grande parte do combustível próximo ao grau de armamento que colocou o país à beira de construir armas nucleares.

Quatro autoridades iranianas disseram que Israel atacou, pelo menos, uma dezena de bases militares, depósitos de mísseis e centrais nucleares e de mísseis em várias cidades do Irã, incluindo Teerã, Tabriz, Isfahã, Kermanshah e Arak.

Durante quase 20 anos, Israel e os Estados Unidos atacaram as milhares de centrífugas que giram dentro da instalação de Natanz, com a esperança de sufocar o ingrediente-chave que os cientistas iranianos precisavam para construir um arsenal nuclear. Juntas, as duas nações desenvolveram o worm Stuxnet, a ciberarma destinada a fazer as centrífugas girarem descontroladamente. Essa operação, codinome Jogos Olímpicos, nasceu na istração de George W. Bush e prosperou na de Barack Obama até que foi exposta.

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