Rede D’Or descredencia Amil em hospitais no Rio; operadora alega ‘decisão unilateral’
Planos de saúde não serão mais aceitos em três hospitais, em mais um capítulo da relação esgarçada entre operadoras e prestadores de serviços


Raquel Brandão
Repórter Exame IN
Publicado em 30 de julho de 2024 às 19:33.
Última atualização em 31 de julho de 2024 às 14:49.
Em meio ao processo de reestruturação e depois de cerca de um mês e meio da criação da t-venture de hospitais com a Dasa, a Amil foi descredenciada pela Rede D'Or em três hospitais do Rio de Janeiro. A informação é do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.
A partir de 17 de setembro, Copa D'Or, Quinta D'Or e Hospital Pediátrico Jutta Batista deixam de atender beneficiários dos planos da Amil. Em nota, a Amil diz que foi surpreendida pela suspensão de forma "unilateral e imotivada" e que "permanece aberta ao diálogo."
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Por trás da decisão está um "desacordo sobre a tabela de preços", acreditam Vinicius Figueiredo, Lucca Marquezini e Felipe Amancio, analistas do Itaú BBA.
"A Rede D'Or pode ter percebido que sua rede hospitalar desempenhava um papel crucial na venda dos planos de saúde da Amil, enquanto a tabela de preços e a complexidade dos procedimentos oferecidos pela Amil não eram necessariamente benéficas para a Rede D'Or em alguns hospitais específicos", escrevem.
A relação entre os prestadores de serviço e as seguradoras tem se esgarçado no setor de saúde, com maiores prazos de pagamento e pressão sobre a gestão de caixa dos hospitais.
O movimento ocorre em um momento em que a Amil está focada na recuperação da lucratividade, provavelmente, segundo o time do BBA, por meio da exigência de descontos na tabela de preços dos seus prestadores de serviços e da otimização de sua rede de prestadores.
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A relação entre os dois players do setor de saúde já teve outros sobressaltos, como lembra a equipe do banco. Em 2019, foi a Amil quem anunciou o descredenciamento de 16 hospitais pertencentes à Rede D'Or, após um desacordo sobre o modelo de remuneração dos hospitais.
Naquele momento, a forte presença dos hospitais da Rede D'Or na cidade levou a uma perda significativa de participação de mercado da Amil na região, caindo de 16% em junho de 2019 para 14% em junho de 2020. Hoje, segundo o cálculo do banco, esse market share na região é de 12%.
Em contraste, tanto a Bradesco Saúde quanto a SulAmérica (hoje empresa da Rede D'Or) mantiveram a parceria com a empresa de hospitais e viram um aumento na participação de mercado durante o mesmo período.
Pelos cálculos da equipe, os três hospitais agora eleitos pela Rede D'Or para sair da cobertura da Amil representam 700 leitos, cerca de 7% da capacidade operacional de leitos da a de hospitais.
"No entanto, notamos que os hospitais mencionados na movimentação são muito maduros, provavelmente operando com uma alta taxa de ocupação", afirmam, destacando que o desempenho da ação pouco foi afetado no pregão de hoje pela notícia — o papel fechou com queda de 0,28%, a R$ 28,17.
Embora haja preocupação com uma ruptura mais ampla no futuro, os analistas acreditam que os ativos da Rede D'Or estão em um estágio avançado de maturidade, o que dá confiança na continuidade da forte lucratividade desses hospitais e no potencial de substituição dos beneficiários. "Neste momento, mantemos nossa visão positiva sobre a Rede D'Or."
O banco manteve recomendação de compra para a ação, com preço-alvo de R$ 39, um prêmio de 38,4%.
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Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, ando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado