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Varejo

Aos 60 anos, Renner volta à mira dos investidores e retoma abertura de lojas 

Ação da varejista reconquista espaço nas recomendações de analistas; ‘mais leve’, empresa vê espaço para ter até 950 lojas, conta CEO 

Faccio: segundo CEO, investimentos atuais são de retorno mais rápido (Leandro Fonseca/Exame)
Faccio: segundo CEO, investimentos atuais são de retorno mais rápido (Leandro Fonseca/Exame)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 10 de junho de 2025 às 09:50.

Depois de um ciclo de investimentos pesados, a Renner chega aos 60 anos nesta terça-feira, 10, mais leve e prometendo acelerar a retomada de rentabilidade – mesmo com mais aberturas de lojas previstas: até 2030, a empresa se vê com até 950 lojas.  

Em 2021, a companhia anunciou que iria mais do que dobrar seus investimentos para R$ 1,1 bilhão. Era o maior aporte da sua história, reflexo de um anúncio feito ainda anos antes, quando decidiu criar um novo CD que teria robôs e automação por todo o galpão, com inteligências artificiais preditivas para controlar os estoques e o contato com fornecedores.  

O ritmo se acelerou em meio à pandemia da covid-19, que exigiu uma digitalização mais rápida das varejistas. Mas a dor de crescimento se juntou ao desafio de encontrar pela frente uma nova forma de competir com as plataformas asiáticas -- especialmente representada na figura da Shein – que chegavam ao mercado oferecendo preços muito mais baixos do que os praticados pelas grandes varejistas de moda, como a Renner e suas então principais competidoras como Riachuelo e C&A.   

A Renner viu, então, sua margem ficar pressionada e parte do mercado questionar como a companhia, cuja ação comumente estava nas carteiras de recomendação dos bancos de investimento, defenderia sua fatia de mercado e se continuaria conseguindo garantir retorno.  

Os números do primeiro trimestre de 2025 são, porém, o sinal de que o pior já ficou para trás, garante Fabrio Faccio, CEO da Renner. O lucro líquido cresceu 58,7% ante o mesmo período de 2024 e a receita avançou 12%, para R$ 3,26 bilhões. Ao fim do período, a margem bruta do varejo já ensaiou recuperação, ficando 0,6 ponto percentual maior, a 55,1%.  

“O ciclo de investimentos de 2021 até metade de 2024 foi decisivo para a transformação da Renner. amos por um momento de adaptação às novas demandas do mercado, com a aceleração digital, mudanças no comportamento de consumo pós-pandemia e a criação de uma infraestrutura mais robusta”, diz Faccio em entrevista ao INSIGHT.  

Desde então, a empresa entrou no que ele chama de “ciclo de colheita”, com menor pressão de investimentos e a expectativa de ver um crescimento mais consolidado. “A geração de receita e a redução de custos começam a se refletir em uma maior rentabilidade, o que vai garantir nossa sustentabilidade e crescimento a longo prazo.” 

A visão de melhora do horizonte já é compartilhada por grande parte dos analistas de investimentos, que aram a ter um olhar mais construtivista para o negócio. No fim de abril, o time de Danniela Eiger, da XP, voltou a dar compra para a ação.  

O papel também ganhou atenção do time do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME). O time de Luiz Guanais vê os papéis num bom momento e com espaço para valorização -- mesmo depois de ter subido 49% no acumulado de 2025.  

Em maio, o banco elevou preço-alvo da ação de R$ 16 para R$ 20, reiterando sua recomendação de compra. Além dos bons fundamentos, o time destacou que a resiliência da companhia é ainda mais notável quando se leva em conta o cenário estrutural em que está inserida. “A Renner indiscutivelmente opera em um setor que ou por uma das disrupções mais rápidas entre os que cobrimos”, escreveram os analistas. 

A disputa com as plataformas de cross-border fez mesmo com que as varejistas brasileiras saíssem da zona de conforto. Tanto Renner como Riachuelo e C&A mudaram seus métodos de precificação e aumentaram a aposta em coleções perenes de itens básicos, com preços mais competitivos, por exemplo. Um movimento que reduziu a necessidade de promoções. Também intensificaram suas apostas no online.  

“A Renner continua conquistando market share, e mesmo com a competição crescente de empresas, tanto nacionais quanto estrangeiras, temos nos destacado pela capacidade de adaptação e pelo foco na experiência do cliente. A estratégia de ter lojas físicas e oferecer uma experiência integrada com o online tem mostrado bons resultados”, diz Faccio.  

No primeiro trimestre deste ano, tanto a operação online quanto a física demonstraram essa resiliência. As vendas brutas do online saltaram 15% e as vendas em mesmas lojas cresceu 10,5%.  

Por isso, embora veja um momento de investimentos menor do que o ciclo anterior, Faccio diz que não é o momento de tirar o pé do acelerador no plano de expansão. A empresa prevê investir neste ano entre R$ 800 milhões e R$ 850 milhões. 

Segundo o CEO, os investimentos atuais são de retorno mais rápido -- o que também deve ser bem recebido pelos investidores. “As apostas de agora são para usabilidade digital, como inteligência artificial, e a renovação de nossas lojas, além de abrir novas unidades”, diz.  

A empresa calcula abrir de 15 a 20 novas lojas Renner neste ano, de 10 a 15 lojas da Youcom, sua marca jovem, e algumas lojas (sem um número definido) da Camicado, sua marca de itens para casa. As projeções fazem parte do plano de alcançar até 950 lojas nos próximos cinco anos. Hoje a companhia detém 686 unidades distribuídas por todo Brasil e com alguns pontos na Argentina e no Uruguai.  

“Calculamos que 80% desse futuro parque de lojas, somando a todas as marcas, será em cidades novas ou regiões novas de cidades em que operamos. Quando abrimos uma loja numa região ou numa cidade menos assistida, vemos a venda do online crescer algo em torno de 20% para o público daquela localidade. Então é algo que faz sentido para o cliente e para a gente”, diz Faccio. 

Apesar de completar 60 anos em 2025, a história da Renner começa ainda em 1912, quando Antônio Jacob Renner cria uma capa para proteger cavaleiros e cavalos. Depois de fábrica e lojas abertas, em 1965 a empresa se reorganiza, nascendo, assim, a Lojas Renner SA.

Dois anos depois, a empresa abre capital na Bolsa de Valores e, em 2005, se torna a primeira brasileira a adotar o modelo de corporation, com 100% das ações em circulação na bolsa de valores, no segmento do Novo Mercado.  

Com valorização de 49% em 2025, a Renner soma R$ 18,96 bilhões em valor de mercado.  

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, ando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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