Para muitos, também é a única forma de continuar estudando, aponta estudo do CIEE
Repórter Publicado em 8 de maio de 2025 às 13h30.
Escolher uma faculdade vai muito além da localização, do nome da instituição ou do valor da mensalidade. Para 75% dos universitários brasileiros, o apoio da faculdade a programas de estágio foi um fator decisivo na hora da matrícula. E 94% deles acreditam que o estágio é o principal caminho para conseguir melhores oportunidades no mercado de trabalho.
Os dados são de uma pesquisa inédita feita pelo CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola), maior ONG de inclusão social e empregabilidade jovem da América Latina, em parceria com o Instituto Locomotiva. O levantamento ouviu 3.557 estudantes de todo o país e será apresentado nesta quinta-feira, 8 de maio, durante a 2ª edição do prêmio “Ponte para o Trabalho”, realizado pelo CIEE em São Paulo.
A pesquisa também revela o perfil da nova geração de universitários :
Muitos desses jovens veem no estágio não apenas uma porta de entrada para o mercado, mas uma chance concreta de permanecer na faculdade.
“O estágio é hoje um divisor de águas para a permanência do estudante no ensino superior”, afirma Rodrigo Dib, superintendente institucional e de inovação do CIEE.
Além da vivência prática, o executivo afirma que a remuneração ajuda a evitar a evasão.
“Muitos jovens precisam escolher entre estudar e trabalhar. Quando conseguem um estágio remunerado, conseguem seguir nos estudos, pagar parte da faculdade e ainda ajudar a família,” afirma.
Embora muitas empresas priorizem candidatos nos últimos anos da faculdade, Dib defende que o estágio comece o quanto antes. “Isso permite mais tempo de desenvolvimento e aumenta as chances de o estudante ter uma formação mais completa e assertiva. É no estágio que ele testa, na prática, se está mesmo na área certa”, afirma.
Ele também critica exigências fora de propósito em processos seletivos . “Não há uma proibição legal, mas pedir experiência para quem busca o primeiro estágio é desvirtuar o próprio conceito do programa, que é justamente dar experiência a quem ainda não tem,” diz.
Mesmo sendo valorizado, o estágio ainda não é ível a todos. De acordo com Dib, há um descomo entre o que os estudantes oferecem e o que as empresas exigem.
“Hoje, é comum que o jovem envie o mesmo currículo para várias vagas . Mas é preciso foco e preparo. A empresa quer ver vontade, conhecimento do negócio, abertura para aprender e boa comunicação,” afirma.
Ele também ressalta que o domínio da linguagem escrita e oral, além do raciocínio lógico, continua sendo um diferencial básico - mas essencial - na seleção.
A pesquisa também sinaliza mudanças no comportamento das novas gerações. Para atrair e reter talentos da Geração Z e da Geração Alpha , o desafio está menos na legislação e mais na forma como o estágio é aplicado nas empresas. “Eles querem propósito, desenvolvimento e desafios reais”, diz Dib.
Nesse sentido, ele defende que os programas de estágio precisam oferecer mais do que tarefas operacionais. “Mentoria, projetos protagonistas, reconhecimento e oportunidades transversais são estratégias que fazem diferença na motivação do jovem.”
Para Dib, a principal inovação trazida pela pesquisa é a mudança no comportamento dos estudantes.
“No ado, o estágio não era um fator determinante na hora de escolher a faculdade. Hoje é. Os alunos querem instituições que sejam, de fato, uma ponte para o mercado de trabalho,” afirma.