Tucanos decidiram se unir à outra legenda em votação realizada hoje durante convenção nacional
Aécio, à direita, é aliado de longa data de Perillo, presidente do PSDB (Divulgação)
Agência de notícias
Publicado em 5 de junho de 2025 às 13h13.
Última atualização em 5 de junho de 2025 às 13h23.
O PSDB aprovou nesta quinta-feira, 5, a fusão com o Podemos. A decisão foi tomada por unanimidade durante a convenção nacional convocada para hoje. Participaram do processo integrantes do Diretório Nacional do partido, senadores, deputados e representantes de cada estado. Foram 201 votos a favor, dois contrários e duas abstenções.
A união acontece em meio a um processo de desidratação do PSDB, que já comandou a Presidência da República por dois mandatos com Fernando Henrique Cardoso e polarizou a política nacional com o PT por cerca de 20 anos, mas que hoje tem uma bancada diminuta no Congresso, de governadores e de líderes nacionais.
Nas perdas mais recentes, os governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e de Pernambuco, Raquel Lyra, saíram do PSDB e se filiaram ao PSD.
O Podemos ainda precisa votar para decidir se concorda com a fusão, mas a tendência é que a sigla não crie obstáculos para a aliança.
Apesar da união ser tratada como uma fusão, sem garantia ainda de manter o nome e o número usados hoje pelo PSDB e nem um tucano no comando nacional do novo partido, os tucanos têm falado em incorporar o Podemos. Isso acontece porque o PSDB está federado com o Cidadania até o início de 2026 e não poderia se fundir com outro partido, agora sem a anuência da legenda.
O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, declarou que o aval dado pela convenção ainda é o início do processo e não há definições sobre o nome que será adotado pela nova sigla e nem o número usado nas urnas. Ele também declarou que não há acordo hoje sobre a presidência nacional da nova legenda.
– Essa é a primeira etapa. Nós hoje tivemos a autorização da convenção para darmos os os seguintes e é claro, que com todo cuidado, com todo critério, respeitando a militância, filiados e respeitando nossos parceiros que virão, nós vamos nos dedicar a isso posteriormente.
Por sua vez, o ex-presidente do partido e deputado Aécio Neves (MG) disse que o PSDB ainda vai conversar com o Podemos para avançar em um acordo.
– Nós vamos a partir da próxima semana retomar as conversas com o Podemos para definir questões estaduais, questões de governança. Hoje o PSDB dá um o a mais, não precisará mais reunir sua convenção para fazer incorporação do Podemos e poderá ainda com essa delegação que tivemos hoje eventualmente falar em federação com algum outro partido.
Assim como uma federação, a fusão é instrumento pelo qual os partidos se unem para somar os resultados das bancadas da Câmara dos Deputados para evitar serem atingidos pela cláusula de barreira, que impede partidos pequenos de terem o ao fundo partidário e a tempo de propaganda. No entanto, diferente de uma federação, que pode ser desfeita após quatro anos, a fusão é permanente.
A cúpula do PSDB pretende preservar o nome e o programa do partido mesmo com a fusão com a outra legenda, mas isso ainda será objeto de debates com o Podemos.
A fusão ainda precisa ser aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Caso saia do papel, o novo partido teria um fundo partidário de R$ 90 milhões para 2025, a quinta maior quantia entre os partidos. A nova sigla começaria com uma bancada de 28 deputados federais, a sétima maior da Câmara, e de sete senadores, empatando com PP e União Brasil como a quinta maior bancada do Senado. Mesmo com a fusão, o grupo teria apenas um governador, que é Eduardo Riedel (PSDB-MS), que ameaça sair da legenda.
Após rivalizar com o PT por décadas, o PSDB registrou resultados pífios nas últimas eleições e conta hoje com uma bancada de 13 deputados e 3 senadores. O prognóstico traçado por seus dirigentes é que a sigla poderá não atingir a cláusula de barreira na próxima eleição. O dispositivo prevê um número mínimo de eleitos para que o partido continue a receber recursos e tenha tempo de propaganda na TV e no rádio.
Antes de se unir ao Podemos, o PSDB chegou a negociar uma possível fusão com o PSD, de Gilberto Kassab, e o MDB, de Baleia Rossi. Mas, a preferência dos dirigentes do PSD de incorporar o PSDB e fazer com que a sigla desaparecesse, fez com que os tucanos desistissem da ideia.
Após a fusão com o Podemos ser implementada, dirigentes tucanos desejam ainda que o novo partido forme uma federação com outras siglas. Entre os partidos avaliados para a possível federação estão Solidariedade, MDB e Republicanos. As negociações envolvem os presidentes das três legendas e também atores dos partidos com relevância nacional, como o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o ex-presidente Michel Temer.