A acusação foi motivada pela incursão liderada pelo empresário e ex-coach nos dias 4 e 5 de janeiro de 2022, quando ele esteve à frente de um grupo de 60 pessoas que tentou fazer a escalada contrariando alertas sobre condições climáticas adversas
Pablo Marçal: Ex-coach conduziu grupo de 32 pessoas ao Pico dos Marins após contrariar alertas (Redes Sociais/Divulgação)

Pablo Marçal: Ex-coach conduziu grupo de 32 pessoas ao Pico dos Marins após contrariar alertas (Redes Sociais/Divulgação)

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Publicado em 20 de maio de 2025 às 15h38.

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O ex-candidato à prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) se tornou réu por colocar em risco a vida de pelo menos 32 pessoas durante uma expedição ao Pico dos Marins, em Piquete (SP).

A acusação foi motivada pela incursão liderada pelo empresário e ex-coach nos dias 4 e 5 de janeiro de 2022, quando ele esteve à frente de um grupo de 60 pessoas que tentou fazer a escalada contrariando alertas sobre condições climáticas adversas.

Na decisão, a juíza Rafaela D Assumpção Cardoso Glioche afirmou que a investigação apresenta elementos suficientes para a instauração do processo criminal. Conforme apurado, o grupo usava roupas inapropriadas durante a expedição e estava sem guias para orientação. Além disso, foi constada que o período era crítico no Pico dos Marins, com chuva, neblina e rajadas de ventos de 100 km/h.

O GLOBO procurou a assessoria de Pablo Marçal, que informou que ele ainda não se posicionou sobre o caso. O espaço segue aberto para manifestação.

Conforme determinação judicial, o réu tem 10 dias para responder à acusação perante a Justiça.

'O pior ano da sua vida'

O crime de expor "a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente" está previsto no artigo 132 do Código Penal, com pena de detenção de três meses a um ano.

A atividade capitaneada por Marçal fazia parte de um curso vendido por ele sob o nome de "O pior ano da sua vida". De acordo com o Ministério Público de São Paulo, o empresário desprezou a contraindicação dos guias e promoveu a subida ao Pico dos Marins mesmo com as advertências para recuar.

"Entretanto, na medida em que subiam a trilha rumo ao cume, a chuva aumentou, exsurgindo significativa neblina e vento forte, com pouca visibilidade, o que tornava o trajeto inóspito, permeado de lama e pedras escorregadias, afora o risco de hipotermia (algumas pessoas estavam com as vestimentas encharcadas sem peças de troca)", diz trecho da denúncia assinada pela promotora Renata Zaros.

O Corpo de Bombeiros precisou intervir, numa operação que durou 9 horas para resgatar 32 pessoas. O restante desistiu, no meio do caminho, de subir a montanha.

A Promotoria de Justiça de Piquete chegou a propor uma transação penal para encerrar o processo judicial. A condição para o acordo era o pagamento de 180 salários mínimos, que equivalem a R$ 273.240,00. No entanto, não houve manifestação da defesa de Marçal nos autos.

Chamou o guia de 'covarde'

Durante a subida, prossegue a promotora, Marçal chegou a desdenhar de um guia contratado por ele que alertou sobre a inviabilidade de prosseguir subindo a montanha em condições adversas. "Contudo, o denunciado desdenhou dos avisos e chamou o guia de 'covarde', conclamando aos presentes que o seguissem", afirma.

Após essa discussão, parte da excursão desistiu e 32 pessoas acompanharam Marçal na subida. O resgate aconteceu em uma madrugada de chuva e rajadas de vento. A ação dos bombeiros ocorreu sob protestos de Marçal.

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